segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Feliz Natal
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
Empresas de tecnologia que dominaram o mercado e desapareceram
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Civilizações Orientais Antigas : China, Índia e Japão
Agradecendo a TV Escola por essa grande variedade de informações.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Vetos de Dilma à MP do Código Florestal impõe derrota para ruralistas
A opção pelo uso de um decreto em vez de uma MP é uma estratégia para encerrar o embate com os ruralistas, que conseguiram algumas vitórias sobre o governo nas votações das MPs no Congresso.
A estratégia do governo foi defendida pelo advogado-geral da União, Luís Adams. "O próprio Congresso prevê que as regras de proteção das áreas consolidadas poderão e deverão ser editadas por decreto no PRA [Programa de Regularização Ambiental]. O que a presidente fez ao regulamentar o PRA foi estabelecer a proteção mínima nessa área. Não há nenhum problema em fazê-lo. Essa restrição está prevista tanto na lei que o Congresso aprovou quanto no decreto que acaba sendo adotado", defendeu Adams.
O artigo 61, mais conhecido como "escadinha", principal polêmica do texto cercada de lobbies, foi vetado e a presidente vai voltar com a redação original proposta por ela ao enviar a MP para o Congresso. A ferramenta definia o quanto de mata em beira de rios deve ser recuperada, conforme o tamanho das propriedades. "A presidente vetou todo e qualquer tema que colocasse em risco a proteção ambiental", disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
Pelo texto original, quanto maior a propriedade rural, maior seria a recomposição, mas a proposta foi alterada pelos parlamentares, reduzindo a área de reflorestamento para médias e grandes propriedades. A mudança desagradou a presidente Dilma Rousseff, que defendia o texto original da MP enviada por ela ao Congresso.
Durante as discussões na comissão mista, deputados e senadores reduziram de 20 para 15 metros a recomposição das APPs, em margens de rios de até 10 metros, em propriedades de 4 a 15 módulos fiscais. Em propriedades acima de 15 módulos fiscais, independentemente da largura do curso de água, a recomposição ficará entre 20 a 100 metros. Neste caso, a definição da área de reflorestamento será decidida pelo PRA, que ficará a cargo dos Estados. Hoje, a competência para delimitar essas áreas é compartilhada entre os entes federativos, sendo que na tramitação do Código Florestal os parlamentares da base aliada defenderam que o governo não abre mão dessa prerrogativa.
Outro ponto vetado é a possibilidade de serem usadas monoculturas de árvores frutíferas na recuperação de APPs em vez de vegetação nativa. A ideia de formar pomares em torno dos rios foi muito criticada por ambientalistas.
A recuperação de rios intermitentes também foi vetada. "Não podemos deixar que os pequenos e médios produtores tenham o mesmo direito dos grandes. O direito dos pequenos tem que ser assegurados".
O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) disse que a decisão é ditatorial e desmoralizante para o Congresso. "O direito a veto é uma prerrogativa dela [presidente] e isso não se discute, mas é arrogante e prepotente. O que me preocupa é como ela vai suprir todos os vetos. O decreto não pode criar. Se for assim é inconstitucional."
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Homero Pereira (PSD-MT), afirmou que os vetos são um "golpe" ao acordo firmado entre ruralistas e governistas. "O governo calou no momento em que lhe era desfavorável e usou toda sua força no momento que é desfavorável à agricultura. Vamos fechar o Brasil, não vamos plantar mais nada e importar de outros países já que nossos produtores vão estar na ilegalidade", afirmou.
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Vaticano II, um risco ou em risco? Entrevista com Massimo Faggioli
A reportagem e a entrevista é de Marcello Matté, publicada na revista Settimana, 14-10-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O Concílio havia amadurecido as sementes do movimento bíblico, da renovação litúrgica, da recuperação patrística e do caminho ecumênico plantadas em território europeu e norte-americano, e que sobreviveram à "crise do modernismo". Agora começava a colheita: restava acolher e interpretar o magistério do Concílio.
Professor Faggioli, como evoluiu a acolhida do Concílio por parte da Igreja nesses 50 anos?
Nos primeiros anos após o Concílio, o leque "ideológico" dos teólogos parecia unânime na acolhida entusiasmada dos documentos finais e das novidades propostas pelo Concílio. A tensão entre "letra" e "espírito" do Vaticano II não tinha grande peso naqueles dias, nem havia se manifestado ainda o atrito entre quem lia o Concílio em "continuidade" com a tradição católica no seu conjunto e quem, ao invés, lia em uma "descontinuidade" com o catolicismo daquele "longo século" que vai de Gregório XVI a Pio XII.
Esse unanimismo teológico particular não duraria muito tempo. Já no fim do Concílio, o debate sobre o papel da Constituição Pastoral Gaudium et Spes havia separado em lados opostos os teólogos do século XX, entre neoagostinianos (J. Daniélou, H. de Lubac, J. Ratzinger, H. U. von Balthasar) e neotomistas (M.-D. Chenu, Y. Congar,K. Rahner, B. Lonergan, E. Schillebeeckx).
Que outros eventos separaram as diversas interpretações do Vaticano II?
O impacto de 1968 sobre a Igreja Católica e a encíclica Humanae Vitae de Paulo VI tiveram um papel importante na recepção do Vaticano II. Eles deram origem à primeira "revisão", menos entusiasta e mais prudente, das interpretações do Concílio e iniciaram uma leitura mais ligada a posições ideológicas do que à história da teologia e da Igreja.
Por um lado, as controvérsias na Igreja do início dos anos 1970 acentuaram as distâncias entre as diversas interpretações. Por outro lado, a minoria "ultraconservadora", ao contrário, se soldou no combate contra o Vaticano II. A pequena "seita" criada por Dom M. Lefebvre em 1970 – a Sociedade São Pio X – efetivamente representou a mais embaraçosa (para dizer o mínimo) expressão do catolicismo contemporâneo explicitamente hostil ao Vaticano II, enraizado em uma cultura teológica pré-moderna e caracterizada por uma visão política antidemocrática.
Que impulsos para a recepção do Vaticano II vieram com a eleição de João Paulo II, bispo de Cracóvia muito ativo na comissão conciliar para a Gaudium et Spes?
Nos anos 1980 e 1990, o debate sobre o Vaticano II abandonou a academia teológica e foi mais influenciado pela "política doutrinal" da Santa Sé, em particular de João Paulo II e do cardeal J. Ratzinger, nomeado prefeito daCongregação para a Doutrina da Fé em 1981. Ambos participantes de relevo do Vaticano II, deram origem a uma política complexa, às vezes contraditória, acerca da herança do Concílio e do seu papel no catolicismo contemporâneo. Depois da reinterpretação teológica do Vaticano II realizada com a "recodificação" do direito canônico, que levou ao Código de 1983, João Paulo II convocou uma assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos em 1985, por ocasião do 26º aniversário do encerramento do Concílio. Estabelecia-se o objetivo de superar as polarizações e chegar a um consenso mais amplo.
O Sínodo e o seu Relatório Final confirmaram (!) que "o Concílio é uma legítima e válida expressão e interpretação do depósito da fé, como se encontra na Sagrada Escritura e na viva tradição da Igreja" e forneceu algumas diretrizes para uma interpretação fiel. O Sínodo constatou que "também houve certas sombras no tempo pós-conciliar, devido em parte a uma não plena compreensão e aplicação do Concílio, em parte a outras causas. De nenhum modo, no entanto, pode-se afirmar que tudo o que aconteceu depois do Concílio foi causado pelo Concílio" (EV9/1781).
Quanto à interpretação, "não é lícito separar a índole pastoral do vigor doutrinal dos documentos. Assim também não é legítimo separar espírito e letra do Concílio" (EV 9/1785). Quanto à hermenêutica da continuidade ou descontinuidade, o Sínodo reconhece a complexa articulação entre tradição e transição na teologia católica, especificando que "o Concílio deve ser compreendido em continuidade com a grande tradição da Igreja e, ao mesmo tempo, da própria doutrina do Concílio devemos receber luz para a Igreja hodierna e para os homens do nosso tempo" (EV9/1785).
A abordagem diversificada e às vezes contraditória de João Paulo II ao Concílio, a sua decisão de convocar o Sínodo de 1985 e o resultado geral do Sínodo com relação ao debate sobre o Vaticano II foram, de algum modo, ofuscados pelo Rapporto sulla fede [Relatório sobre a fé], o livro-entrevista de Ratzinger. Publicado às vésperas do Sínodo com o objetivo de exercer pressão sobre os bispos e sobre a opinião pública, ele punha novamente em discussão a abordagem ao Vaticano II, imputando-lhe a responsabilidade pela crise do catolicismo no pós-Concílio.
Ao mesmo tempo, a política doutrinal da Santa Sé sobre alguns temas centrais do Vaticano II, como a eclesiologia, começou a se desenrolar a partir de meados dos anos 1980 através da Congregação para a Doutrina da Fé e daComissão Teológica Internacional. A Congregação promulgou em março de 1989 uma nova Profissão de Fé que deveria ser abaixo-assinada por aqueles que fossem chamados a ocupar cargos em nome da Igreja (EV 11/1191-1195).
A carta aos bispos sobre a "eclesiologia de comunhão" (Communionis notio, 28-5-1992, EV 13/1774-1807) e a "declaração da unicidade salvífica universal de Jesus Cristo e da Igreja" sobre a relação entre Cristo, Igreja e as religiões não cristão (Dominus Iesus, 06-08-2000, EV 19/1142-1200) marcaram dois outros passos importantes na recepção romana do Vaticano II.
No que se refere ao governo da Igreja, a Constituição Apostólica de João Paulo II Apostolos suos (21-05-1998, EV 17/808-850), sobre o estatuto e a autoridade das conferências episcopais, ressolidificou uma das teses fundamentais da Comissão Teológica Internacional presidida pelo cardeal Ratzinger, isto é, a necessidade de redimensionar alguns aspectos da descentralização operada no pós-Concílio em favor das conferências episcopais. Parecia que Roma pedia a restituição de cotas de poder.
Mudou essa "política doutrinal" com a eleição de Bento XVI?
O ano de 2005 marcou o 40º aniversário do encerramento do Concílio, mas foi a eleição de Bento XVI que determinou dois fatores importantes.
1) Depois do discurso à Cúria Romana em dezembro de 2005 e do documento vaticano de junho de 2007 sobre eclesiologia e a interpretação autêntica do "subsistit in" da Lumen gentium 8 (EV 1/305), ele alimentou a percepção de uma nova temporada. O ensino de Bento XVI havia reacendido o debate sobre o papel, por um longo tempo indiscutível, do Concílio na Igreja Católica, legitimando a impressão de uma "atitude revisionista" (senão de uma "política revisionista") de Roma com relação ao Concílio.
2) O motu proprio sobre a liturgia Summorum Pontificum (07-072007, EV 24/1101-1126), com o qual permite o uso do Missal latino tridentino e a retirada da excomunhão dos quatro bispos ordenados por Lefebvre, atraiu uma nova atenção sobre o Concílio e lançou as premissas para uma compreensão nova do seu significado.
A direção do pontificado de Bento XVI e as tentativas de reabsorver o cisma lefebvriano indicam que o impulso propositivo e reformador do Vaticano II se esgotou?
O Concílio já está enxertado no DNA do catolicismo moderno. No entanto, uma das principais linhas de ruptura na interpretação do Vaticano II corre entre aqueles que, baseando-se na letra dos documentos, veem o Concílio como o "fim", o selo conclusivo de um processo de renovação, e aqueles que o veem, ao contrário, como o início de uma renovação, baseando-se na percepção de que o Concílio é bem mais do que a coleção dos seus documentos. Repropõe-se a dialética entre a hermenêutica da "letra" e do "espírito" do Concílio.
Os defensores do Concílio como "início" podem facilmente demonstrar que a sua visão do Concílio como algo que "faz crescer" o depósito doutrinal reflete o que sempre aconteceu nos períodos pós-conciliares e encontra fundamento em algumas das decisões mais relevantes de Paulo VI (por exemplo, a aprovação dos novos movimentos) e de João Paulo II (por exemplo, o "magistério dos gestos" como Assis em 1986 e Damasco em 2001).
A percepção do Vaticano II como "início" remonta a uma lição de Karl Rahner em 1965, intitulada O Concílio: Início de um Início, na qual ele se pergunta se o significado do Vaticano II irá durar no tempo, e ele afirma que a resposta poderia ser dada no indicativo, mas, em última análise, é um imperativo. Para Rahner, o Concílio tornou um novo começo possível e legítimo. Pensar no Vaticano II como um início implica considerá-lo como um evento do Espírito, cujo impulso, portanto, não abandonaria a Igreja ao término das sessões.
Por outro lado, considerar o Vaticano II como o fim da renovação significa adotar uma visão pneumatológica diferente do Concílio e uma abordagem evidentemente negativo, não só com relação ao que aconteceu depois do Vaticano II, mas também no Vaticano II. Nesse marco, o "choque das narrativas" não encontra solução apenas no estudo da história do Concílio e dos seus documentos, mas exige um genuíno discernimento dos elementos de uma "percepção guiada pelo Espírito": o sensus fidelium, o estudo de teólogos e a supervisão do magistério, nessa ordem, dizia Ormond Rush em um livro publicado há alguns anos.
Recusar-se a ver no Vaticano II o início de uma renovação é uma traição da intenção e da história do Concílio. Não só: isso também denuncia uma escassa confiança na capacidade da Igreja de guiar a mudança confiando na assistência do Espírito para interpretar os "sinais dos tempos". Bento XVI dizia em julho passado: "Os documentos do Concílio contêm uma riqueza enorme para a formação das novas gerações cristãs, para a formação da nossa consciência".
Quais são as dialéticas mais relevantes em ação no "choque das narrativas"?
A maior parte dos historiadores e dos teólogos do Concílio concordam que o Vaticano II é ao mesmo tempo um "corpo de documentos" e um "evento", a ser acolhido na "letra" e a ser interpretado no "espírito". Isso significa ampliar o olhar para o pós-Concílio e para a sua recepção. Os detalhes já disponíveis sobre a história dos documentos conciliares confirmam a necessidade de manter unidas uma leitura "intratextual" e uma leitura "intertextual", e não contrapor "letra" e "espírito".
Outra dialética emerge na abordagem do corpo dos documentos. Na interpretação de Christoph Theobald, a arquitetura eclesiológica do Vaticano II está estruturada em torno a duas dimensões, horizontal e vertical. A dimensão horizontal da Igreja (ad intra e ad extra) deve ser equilibrada com a dimensão vertical, atribuindo prioridade à ideia de revelação expressa na Constituição Dei Verbum (e na Declaração sobre a Liberdade Religiosa Dignitatis humanae). Segundo Theobald, a Igreja é o ponto de encontro das dimensões horizontal e vertical dos textos conciliares, e a unidade do corpo doutrinal do Vaticano II não é dada pelo gênero literário, mas sim pela coerência sistemática da sua teologia ao longo das coordenadas horizontal-vertical.
Uma segunda abordagem aos documentos como material teológico se concentra mais no estilo e na história da sua gestação. John O'Malley sugere uma hermenêutica mais atenta a novos elementos, como a linguagem. Constatar que uma das características específicas dos textos conciliares reside no seu estilo "exortativo" tem repercussões notáveis sobre os modos de fazer teologia e leva a avaliar o Vaticano II como um "evento semântico".
A crise da autoridade papal aberta pela Humanae vitae, além das implicações de caráter doutrinal, coloca também a questão da "mudança" e da "continuidade". O magistério papal de 1968 inaugurou a temporada da desilusão pós-conciliar e marcou o início de uma fratura entre o magistério e uma teologia que havia abandonado a metafísica como seu pivô e havia se tornado cada vez mais teologia da "história salvífica", na qual a história é conteúdo substancial. A relevância atribuída à história, e, portanto, à evolução em teologia, é, de longe, o fator mais importante para classificar a teologia católica depois do Vaticano II e sobre o Vaticano II.
Por um lado, há aqueles que veem a hermenêutica da "continuidade" como a única possível. Por outro lado, aqueles que privilegiam a chave interpretativa da "descontinuidade" entre o "antes" e o "depois" do Concílio, em sentido melhorativo.
Esse modo de considerar a relação entre historicidade e teologia na Igreja, por um lado, e a questão da continuidade/reforma/descontinuidade, por outro, muitas vezes se esquece da imensa quantidade de "descontinuidade" na história dos Concílios.
É hora de reconhecer que o caráter de evento do Vaticano II é um aspecto fundamental da história desse concílio, assim como de todo concílio. Mas a estrutura hermenêutica, ou seja, o modo pelo qual o pensamento moderno se aproxima de um texto, mudou e, para o Vaticano II, o caráter de evento foi mais dramático e produziu mudanças mais visíveis, graças à sua dimensão global de primeiro Concílio do catolicismo pós-europeu.
O Vaticano II faz parte da história dos concílios. Negar a amplitude da mudança no Vaticano II é negar o seu caráter de evento e dos concílios anteriores. Assumir uma perfeita continuidade entre o Vaticano II e a tradição anterior acaba configurando esse último concílio como uma exceção na história dos concílios.
Por trás da identidade da Igreja em relação ao mundo moderno, há, portanto, às vezes inconsciente ou indireta, uma interpretação do Vaticano II. Por isso, não se trata de uma questão puramente acadêmica. Como dizia um ditado que corria na Rússia soviética: "Sabemos exatamente como será o futuro. É com o passado que temos problemas: ele muda continuamente". Mas, ao contrário da ideologia soviética, a Igreja tem um forte senso do seu passado, que não é tão fácil de mudar com um golpe de caneta.
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
1979 - Sancionada a lei da anistia
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Igreja lembra os 13 anos de morte de dom Helder Câmara

Há 13 anos, a Igreja Católica perdia um de seus maiores líderes, o arcebispo emérito de Olinda e Recife, dom Helder Câmara. Mais que uma liderança religiosa, dom Helder era referência na luta pela paz e pela justiça social; seus exemplos e palavras foram perpetuados até hoje. Em homenagem à sua memória, hoje, 27 de agosto, dom Helderterá seus restos mortais trasladados para uma capela especialmente projetada para recebê-los na Igreja da Sé, em Olinda. Até então, os restos mortais de dom Helder estavam guardados em um túmulo provisório em frente ao altar da Igreja da Sé.
A informação é publicada pelo Boletim da CNBB, 27-08-2012.
Junto deles, serão colocados também os despojos do padre Antônio Henrique Pereira Neto e de dom José Lamartine, ambos amigos do arcebispo. Padre Antônio Henrique foi assessor da Pastoral da Juventude durante o pastoreio de dom Helder e dom José Lamartine, bispo auxiliar. A cerimônia será presidida às 9h pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido.
O site ‘Pernambuco’ informa que dom José Lamartine está enterrado em uma espécie de cemitério, localizado atrás da Igreja da Sé. Já o padre Antônio Henrique está sepultado no cemitério da Várzea, na Zona Oeste do Recife.
O trabalho de dom Hélder é conhecido em todo o mundo. Ele foi arcebispo de Olinda e Recife e também desempenhou funções em organizações não-governamentais, movimentos estudantis e operários, ligas comunitárias contra a fome e a miséria. Sofreu retaliações e perseguições por parte das autoridades do regime militar brasileiro.
A Igreja das Fronteiras, bairro da Boa Vista, ficou cheia de fiéis e emoção na manhã deste domingo, 26. Às 11h, o padre Sebastião Sá, celebrou missa em homenagem a dom Helder Câmara, dando prosseguimento à programação que decorre desde a última sexta-feira, para lembrar o aniversário da morte do arcebispo. O local foi escolhido porque lá dom Helder viveu os seus últimos dias, até falecer, em 27 de agosto de 1999.
Padre Antônio Henrique foi torturado e assassinado em 1969, durante o regime militar. O crime está impune até hoje, mas ganhou prioridade nas investigações da Comissão Estadual da Memória e Verdade. O sacerdote é tido como "Mártir da Juventude da Arquidiocese de Olinda e Recife".
terça-feira, 24 de julho de 2012
50 anos depois do Concílio. Artigo de Enzo Bianchi
A reflexão é do monge e teólogo italiano Enzo Bianchi, prior e fundador da Comunidade de Bose, em artigo publicado no jornal L'Unità, 15-07-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Há 50 anos, João XXIII anunciava o Concílio Vaticano II. Cinquenta anos são um arco de tempo significativo para uma leitura daquele "novo pentecostes" que atravessou a Igreja Católica e a sua relação com as outras confissões cristãs, com as outras religiões e o mundo contemporâneo.
Os "padres conciliares" ainda vivos são pouquíssimos, e mais nenhum deles exerce ainda algum ministério pastoral (o teólogo Joseph Ratzinger participou dele como "perito"), já abundam estudos e reconstruções históricas baseadas em arquivos, diários e documentos de todos os tipos...
No entanto, a leitura não pode ser "separado", porque as energias espirituais e as mudanças desencadeadas pelo Concílio no tronco vivo da tradição bimilenar da Igreja são atualíssimas ainda hoje, apesar de que haja, também na Igreja, infelizmente, trabalha contra aquela que João Paulo II definiu de "a maior graça dada por Deus à Igreja do século XX (...) o evento eclesial mais significativo e determinante".
Verdadeiramente, o Concílio ainda resta a ser totalmente implementado: não nos esqueçamos de que, ainda no início do novo milênio, o papa pediu que todas as Igrejas locais se interrogassem sobre a recepção do Concílio e voltassem aos textos emitidos pelo Vaticano II, de modo a conhecê-los e assimilá-los. Além disso, a história nos ensina que eventos epocais como uma cúpula ecumênica precisam de diversas décadas para se tornarem patrimônio compartilhado por toda a Igreja, e essa progressiva assimilação não pode ser acelerada simplesmente por meios de comunicação mais rápidos.
No entanto, quem viveu com consciência a Igreja nos anos anteriores ao Concílio pode medir a mudança, lendo com relativa objetividade e sobretudo com um espírito de agradecimento o caminho já percorrido. A história cristã é um "recomeçar" sempre, tanto na vida do cristão individual quanto na vida da Igreja: mudança, portanto, não significa que o Evangelho muda, mas – como ousava dizer o Beato João XXIII – que somos nós, a Igreja, que o compreendemos cada vez melhor.
Nesse sentido, parece ser estéril e artificial uma polarização entre "ruptura" e "continuidade": a Igreja não é tanto uma instituição, mas sim o corpo de Cristo, um organismo vivo que conhece períodos e que exige a "reforma", que sempre deve reconduzir a hierarquia e o povo de Deus a uma renovada fidelidade ao Evangelho e ao seu Senhor.
Se ainda hoje há quem chora sobre a situação da Igreja e percebe sinais de decadência e de crise, na realidade, o fogo ardente do Evangelho ainda está bem presente debaixo das cinzas: basta um feixe de lenha seca, um pedaço de madeira para deslocar as cinzas, um sopro, e a chama volta a se reacender, a iluminar e a aquecer.
Bastaria pensar na qualidade da fé de muitos cristãos cotidianos, na consciência do chamado universal à santidade cristã, na presença da Palavra de Deus no coração das comunidades eclesiais, na capacidade de diálogo que a Igreja adquiriu com relação às outras confissões e às outras religiões... Não se trata de fazer uma leitura apologética dos anos pós-conciliares: inadimplências ao Evangelho e contradições em diversos âmbitos e em diversos temas ainda estão presentes, mas o caminho tomado com o Concílio, por enquanto, não foi desmentido nem esquecido.
Se quiséssemos destacar um aspecto que ainda espera pela plena realização é que a Igreja, que se descobriu noVaticano II como essencialmente "comunhão", se torne comunhão em profundidade, até ser "casa comum" para todos os cristãos e, consequentemente, escola de comunhão também para todos os seres humanos. A sinodalidade deve encontrar novas formas para se expressar; a unidade da Igreja deve inventar caminhos de maior comunhão e corresponsabilidade entre bispos, presbíteros e fiéis, mesmo na diferença dos dons e dos ministérios; a busca da verdade deve cada vez mais se manifestar na doçura da companhia dos seres humanos.
Talvez justo nesse campo, o Concílio pode ser uma clara bússola para orientar com renovado entusiasmo o contínuo caminho de retorno da Igreja ao seu Senhor.