quinta-feira, 26 de abril de 2012

Dom Adriano e os anos de chumbo - Hoje, 14 horas, no Sesc-Nova Iguaçu

Dentro da programação Especial Baixada em Foco, o Sesc-Nova Iguaçu apresenta nesta quinta-feira, às 14 horas, um documentário falando de um importante período da história da Baixada e também da vida de dom Adriano Hipólito, bispo de Nova Iguaçu no período de 1966 a 1994.

O vídeo mostra um pouco do homem que sempre lutou pela causas sociais. E que no período da Ditadura Militar no Brasil, foi sequestrado, teve seu carro explodido na porta da CNBB, agredido, pichado de vermelho e deixado nu numa lixeira da região. Os ataques chegaram ao extremo em 20 de dezembro de 1979, a quatro dias do Natal, quando uma bomba explodiu no altar da Catedral de Santo Antônio de Nova Iguaçu, destruindo o sacrário. Até então, nunca no Brasil qualquer igreja tinha sido atingida por atentado a bomba.

Após a apresentação do documentário, haverá debate com Antonio Lacerda de Meneses, Historiador do Arquivo da Cúria Diocesana de Nova Iguaçu.

Local: Teatro do Sesc-N.Iguaçu - Rua Dom Adriano Hipólito, 10 - Moquetá - Telefone: 2797-3001.
Entrada: Grátis. Classificação: 14 anos.

A desigualdade nos Estados Unidos. Era uma vez o sonho americano...


O sonho americano acabou. Um artigo acadêmico da professora da Universidade de Stanford, Terry Karl, mostra como os Estados Unidos se tornaram um dos países mais desiguais do planeta. Segundo o trabalho de Karl, dos 34 países mais desenvolvidos, que fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico(OCDE), só a China, o México e a Turquia possuem maiores desigualdades na renda, que os Estados Unidos. Além disso, segundo a OCDE, os Estados Unidos possuem as políticas menos efetivas, em gasto social, para aliviar a pobreza, além do menor nível de imposto aos rendimentos, entre todos os países desenvolvidos.

A reportagem é de Santiago O’Donnell, publicada no jornal Página/12, 22-04-2012. A tradução é do Cepat.

O artigo, intitulado “Desigualdade: lições latino-americanas para os Estados Unidos”, está baseado em diferentes estudos sobre a questão. Afirma que nos Estados Unidos os 10% mais ricos ganham quinze vezes mais que os 10% mais pobre. A diferença tem crescido muito nas últimas décadas, e fica ainda mais evidente se for levado em consideração o 1% mais rico, em que a média é de uma renda de 1,3 milhão de dólares anuais, e que conta com quatro quintos das pessoas que aumentaram as rendas, entre todos os estadunidenses, de 1980 até 2012. Os grandes ricos, que representam 0,1% dos estadunidenses, são os que mais se beneficiaram com esta tendência. Eles acumulam uma renda anual na média de 27,3 milhões de dólares. Os que representam 0,01% da população recebem 6% do total da renda das famílias estadunidenses.

A enorme diferença entre ricos e pobres, que aparece nas rendas anuais, multiplica-se quando é medida a riqueza acumulada, destaca o artigo. Os 20% mais ricos são donos de 87% da riqueza de todos os estadunidenses, e o 1% mais rico tem 69% da riqueza. As quatrocentas famílias mais ricas têm o mesmo que a metade mais pobre, ou seja, dois mil indivíduos têm tanto quanto o capital acumulado por 150 milhões de pessoas.

Em termos raciais, o quadro é o seguinte: em média, uma família branca ganha dois terços a mais e tem uma riqueza doze vezes maior do que uma família negra. Metade dos hispânicos e quase dois terços dos negros não possuem ativos financeiros. No entanto, a diferença da desigualdade total, em termos econômicos relacionados à questão racial nos Estados Unidos, tem encurtado nas últimas décadas.

A autora cita um estudo de 23 países desenvolvidos, realizado pelo economista Richard Wilkinson e a antropólogaKate Pi-ckett, no qual os Estados Unidos aparecem como o mais desigual em termos de renda por pessoa. Neste estudo, os Estados Unidos também figuram em primeiro lugar nos índices de encarceramento, de mães menores de idade, da mortalidade infantil, de crianças obesas, do custo pela cobertura médica, do gasto militar e do uso de drogas ilegais. Por outro lado, aparece em último lugar nas avaliações educativas, na expectativa de vida e no cuidado com o meio ambiente.

Apesar de ser o país do sonho americano, outros estudos citados mostram que a mobilidade social é mais difícil nos Estados Unidos do que em outros países de primeiro mundo. Um desses estudos mostra que os Estados Unidos têm menos mobilidade social que o Canadá, Alemanha, França e os países escandinavos, e que está a par de uma sociedade notoriamente classista como é a britânica. Outros estudos mostram que a classe média estadunidense está se encolhendo e que, pela primeira vez, a geração de trinta e poucos ganha menos que seus pais nessa idade.

A desigualdade nos Estados Unidos têm raízes que chegam até a etapa de fundação de sua história, continua o artigo, já que suas leis favorecem estruturalmente aos interesses dos ricos. Um estudo mostra que entre os países ocidentais desenvolvidos, os Estados Unidos são os que têm mais atores com capacidade de frear a mudança social. Também assinala que, entre todos os países estudados, o Senado estadunidense é o de pior representação proporcional.

Essa desigualdade original cresceu ferozmente na década de 1980, quando o então presidente Ronald Reagandesenvolveu um programa econômico neoliberal para sair da recessão criada pela crise petroleira no Oriente Médio e com a derrota no Vietnã, que dispararam a inflação e o desemprego, prossegue o artigo. “A crise criou o cenário para uma nova orientação econômica do governo federal, caracterizado pela clássica receita neoliberal: desregulamentação de empresas e finanças, renúncia às políticas fiscais anticíclicas, fortes cortes no gasto social, rebaixamento de impostos para os ricos e as empresas, e um novo marco normativo em que predominam as soluções do mercado para todo tipo de problemas”, destaca Karl. “Ironicamente, em 1980, os Estados Unidos se submeteu à mesma receita que vinha empurrando, até o abarrotamento, na América Latina”.

A orientação econômica de Reagan tornou os lobistas a nova classe dominante de Washington. Em 1971, havia 175 empresas de lobby registradas em Washington. Em 1982, esse número já havia subido para 22.245 empresas. Os comitês de ação política, que financiam as campanhas, cresceram de 89, em 1974, para 1682, em 1984.

A política tornou-se muito cara e somente os mais ricos puderam aspirar aos principais cargos eletivos. Para os cargos legislativos de 2010, os candidatos arrecadaram um total de 1270 bilhões de dólares. Nesse mesmo ano, o custo médio de uma campanha para ocupar uma cadeira no Senado atingiu os oito milhões e meio de dólares e para uma cadeira na Câmara baixa, quase um milhão e meio de dólares.

Enquanto isso, o setor financeiro se erguia com importantes benefícios. Em 1982, um empresário médio ganhava 42 vezes mais do que um empregado médio; em 2010, o mesmo empresário ganhava 325 vezes mais do que o mesmo empregado. Segundo outro estudo, entre 1980 e 2008, a mudança de regras impulsionadas por Reagan produziu uma transferência de 4.505 bilhões de dólares ao setor financeiro entre 1980 e 2008.

Durante esse mesmo período, o esquema tributário se alterou para favorecer aos ricos. Segundo o Brookings Institution, em 2007, a quinta parte mais pobre da população recebeu a média de 29 dólares em descontos tributários, e o 1% mais rico recebeu descontos na média de 41.077 dólares. As famílias com renda acima de um milhão de dólares receberam descontos médios de 114.00 dólares. Graças a estes descontos tributários, os mais pobres melhoraram suas rendas em 0,4%, enquanto os mais ricos melhoram suas rendas em 5,7%. Em 2010, as 25 empresas mais ricas receberam 304 milhões em devoluções tributárias para o que significa lucros de 1900 bilhões de dólares. A desigualdade se acentua porque em média os estadunidenses pagam poucos impostos.

Em 2008, a carga tributária média foi de 26%, enquanto nos demais países da OCDE a tributação média era de 35%. Entre 1982 e 1994, a média da carga tributária dos ricos caiu de 67% para 28%. Enquanto isso, os diretores das principais empresas alcançavam lucros extraordinários, aumentando a janela da desigualdade. Em 2010, os 25 CEO, das cem empresas mais importantes, ganharam mais dinheiro do que as suas empresas pagaram em impostos federais. O que se poupava no fisco costumava ser gasto em esforços por lobby. A General Electric já gastou 4200 milhões de dólares em doações para campanha.

Ao mesmo tempo, em que os ricos aumentavam sua influência nas políticas públicas, os trabalhadores perdiam representatividade. Em 2010, a porcentagem de filiação sindical, que vem declinando sistematicamente desde 1982, caiu para 11,4% (7% no setor privado), comparado com mais de 27% no Canadá e 70% na Finlândia.

Sem um sindicalismo forte para defender os trabalhadores, o salário mínimo encolheu, caindo de 9,2 dólares por hora, nos anos de 1960 (governo de Johnson), para 5,4 dólares no governo de Bush e para 5,3 no governo de Bushfilho, o nível mais baixo desde que se fixou o salário mínimo em 1949. Assim, a distância entre os mais ricos e mais pobres chegou a níveis que ainda não havia alcançado desde a Grande Depressão, de 1928.

“As consequências desta política, agressivamente neoliberal, ficaram às claras na crise de 2008”, conclui a catedrática de Stanford. “Ao combinar a desregulamentação financeira, e a falta de controle sobre as instituições do setor, com a queda da filiação sindical, o declive na transferência de rendas, a redução do Estado de bem-estar, o desmantelamento do imposto progressivo e outros fatores, os Estados Unidos entraram no século XXI como o país mais desigual de todas as democracias ricas”.

Índio usa Skype para articular luta por direitos com outros povos

O líder Tashka Yawanawá, da tribo dos Yawanawá no Acre, defende que os povos indígenas usem as últimas tecnologias para se articular em prol de suas causas.
"Hoje povos indígenas não podem mais fugir do homem branco, da tecnologia. Temos que nos atualizar, nos preparar para encarar esse novo mundo", diz Yawanawá.
A notícia é de João Fellet epublicada na BBC Brasil, 24-04-2012.
Segundo ele, que diz usar o Skype para videoconferências com outros povos, a humanidade hoje vive "numa aldeia global em que tudo está conectado".
"O que faço na minha aldeia pode afetar quem estiver na Europa, Japão ou Estados Unidos. Se derrubar minha floresta, não vai haver tanta neve em Nova York no Natal."
Uma das principais preocupações de Tashka é a luta por salvaguardas para preservar o conhecimento e cultura indígenas ligados à utilização de "serviços prestados pela natureza", tema que será debatido em um encontro nas Filipinas no fim deste mês.
"Ao fazer jardins com plantas medicinais, aquele conhecimento serve à comunidade indígena e um dia poderá também servir ao mundo para curar muitas doenças que afetam hoje nossa humanidade".

quarta-feira, 25 de abril de 2012

''A desobediência também pode renovar a Igreja''. Entrevista com Vito Mancuso

Uma entrevista com o teólogo mais famoso da Itália hoje. Apesar das críticas ao magistério, Vito Mancuso continua se considerando católico.

A reportagem é de Alessandro Speciale, publicada no sítio Vatican Insider, 21-04-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Há quem lhe chame de herege, quem diga simplesmente que ele deveria deixar de se dizer católico e trazer a Igreja Católica à baila em seus livros e em sua teologia, mas Vito Mancuso, apesar da discordância ao magistério e das duras críticas a Bento XVIe à linha do seu pontificado, continua se considerando um filho da Igreja.

No seu último livro, Obbedienza e libertà(Fazi Editora, 2012, 202 páginas) [Obediência e liberdade], o teólogo propõe um programa de reforma radical da doutrina católica – porque às vezes é indispensável usar um "bisturi" se queremos "impedir a morte do paciente". O Vatican Insider pediu para abordar alguns aspectos do pontificado e dos ensinamentos de Bento XVI.

Eis a entrevista.

O livro se intitula "Obediência e liberdade". Então, é natural começar pela homilia de Bento XVI para a Quinta-Feira Santa, em que o papa respondeu ao “Apelo à desobediência” dos párocos austríacos. Para eles, foi uma abertura de crédito e um convite à reflexão. E segundo você?


Bento XVI citou as palavras de Jesus "consagrados na verdade" e contrapôs essa consagração ao que ele definiu de "a tão falada autorrealização". Para o papa, a verdade é que Cristo não é a autorrealização do ser humano. Mas eu acho que Cristo não é a verdade do modo de uma lei objetiva que se impõe ao indivíduo, porque, se fosse assim, o Evangelho seria só uma nova lei, do mesmo modo que muitas outras leis. Entretanto, o Evangelho não é lei, é dinamismo, é práxis, é vida nova. Daí decorre que a desobediência a qual os 400 padres austríacos apelam, a fim de levar a Igreja a reconhecer as legítimas instâncias de autorrealização dos indivíduos (das mulheres, mas não só) não é a priori contra o Evangelho. Ao contrário, pode ser até mais evangélica do que a obediência formal pedida pelo papa.

Portanto, a desobediência pode ser um caminho para renovar a Igreja?

O próprio papa, na sua homilia, se perguntou se a desobediência é uma via para renovar a Igreja. A pergunta, obviamente, era retórica, porque, para ele, a resposta é um explícito "não". A mim, parece que também pode ser "sim", na medida em que a desobediência exterior tem como fim uma maior obediência interior à lógica evangélica que se diz como bem concreto dos indivíduos concretos. Sem a desobediência da teologia na primeira metade do século XX (um nome dentre todos, Teilhard de Chardin), não teríamos tido o Vaticano II e a reviravolta radical acerca da liberdade religiosa, ecumenismo, relação com os judeus e as outras religiões, apenas para citar as inovações mais marcantes. É preciso continuar nesse caminho profético.

No livro, você escreve que "um processo virtuoso, de retorno às origens, começou" na Igreja a partir do Concílio Vaticano II. Esse processo continua ou parou?

Sim e não, como quase sempre acontece no claro-escuro da história. Com Bento XVI, a ambiguidade permanece, embora, no conjunto, predominem os aspectos de fechamento. Mas ninguém pode frear o sopro do Espírito, nem mesmo os papas: prova disso é a oração do papa na Mesquita Azul de Istambul no dia 1º de dezembro de 2006, o fato de ter retrocedido com relação ao Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso (primeiro rebaixado, depois restaurado em sua autonomia), as palavras de uma abertura sem precedentes acerca da licitude dos preservativos no livro-entrevista Luz do mundo do fim de 2010.

Nesse quadro, há também a reconciliação com os lefebvrianos que o papa tem tentado de todos os modos, desde o início do seu pontificado...
O código genético da Fraternidade Sacerdotal São Pio X consiste precisamente na oposição ao Concílio e à abertura à modernidade que ele representa. Portanto, aceitar o Concílio só pode significar, para os lefebvrianos, "renegar a si mesmos", para usar a conhecida expressão evangélico. Se eles o fizeram, bom. Se não o fizeram, e apesar disso existe o acordo, de modo que todas as partes podem se declarar vencedoras, então estamos diante de um elemento de confusão voltado a produzir ainda mais confusão no futuro, até mesmo muito em breve. Porque uma coisa é certa, a meu ver: esse modelo de ser católico contra o mundo, definitivamente superado no dia 8 de dezembro de 1965, é a última coisa de que a Igreja precisa.

Durante sua viagem à Alemanha, segundo alguns de modo surpreendente, Bento XVI fez um reconhecimento à secularização por ter privado a Igreja, ao longo dos séculos, do seu prestígio e poder, tornando-a progressivamente "desmundanizada". O que você pensa a respeito?
Aqui tocamos um dos pontos mais delicados da inteligência do cristianismo, ou seja, o juízo sobre o mundo. Há textos bíblicos que têm um conceito de mundo totalmente negativo e há outros opostos: de um lado, o mundo é domínio do "príncipe deste mundo"; de outro, lugar do governo justo e providente de Deus. A contradição não deve ser dissolvida unilateralmente, mas sim mantida. Isso significa que há aspectos pelos quais a Igreja deve ser desmundanizada (relações com o poder político e econômico, interesses particulares, gestão dos enormes recursos financeiros, mentalidade carreirista em seu interior), e há outros pelos os quais ela deve estar ainda mais unida ao mundo (proximidade aos homens e à mulheres, escuta dos problemas do tempo, renovação da linguagem e das categorias conceituais, democratização das estruturas). A Igreja não é o mundo, mas sem o mundo ela não existe, porque a Igreja está em função o mundo, exatamente como o fermento do qual Jesus falava, que não é a massa, mas que só adquire sentido em função da massa.

Você descreve a época em que vivemos como um tempo de "neopaganismo". No entanto, muitas vezes, a Igreja fala das ameaças de uma cultura cientificista, em que a razão quer anular a voz da fé. Que consequências tem essa leitura?
O chamado cientificismo, com a agressividade dos seus expoentes, é, a meu ver, um fenômeno de reação a um movimento bem mais vasto em escala mundial definido como "vingança de Deus" (G. Kepel) ou "dessecularização do mundo" (P. Berger). Hoje, o fator religioso é de importância primordial na elaboração da análise geopolítica mundial. Aqueles que cultivam o desejo de uma futura extinção da religião veem o fim dos seus sonhos e reagem atacando, como todas as organizações em dificuldades. Não se devem ignorar as suas críticas, mas é preciso prestar uma atenção muito maior aos evidentes sinais de atenção para com a busca espiritual por parte de amplas camadas da população, com relação a qual basta dar uma olhada nas listas dos livros mais vendidos e considerar como as grandes editoras seculares antes esnobavam títulos de espiritualidade que hoje, ao contrário, estão buscando novamente.

A Igreja também se sente vingada depois de décadas passadas no "deserto"...
Tudo isso, porém, não significa um retorno ao cristianismo tradicional. O cristianismo é chamado, ao contrário, a se confrontar com uma tensão espiritual totalmente inédita, que eu chamo de neopaganismo, e que tem em Nietzsche o seu profeta, com as novas bem-aventuranças da força natural e da vontade de poder. É aqui que se joga a partida pela conquista das almas. Vencerá quem souber infundir mais entusiasmo, mais espírito de sinceridade, mais amor pela beleza da vida.

No livro, apesar do desacordo com partes do Magistério e da hierarquia, você repete várias vezes, com clareza, que se considera parte da Igreja. Que lugar há para aqueles que discordam e são inquietos em uma Igreja que professa querer ser uma "minoria criativa", um coerente embora "incômodo" sinal de contradição na sociedade contemporânea?
A hierarquia deveria começar a compreender que o principal fator de renovação do cristianismo consiste no retorno ao pluralismo das origens. O que é exaltante no cristianismo é justamente a pluralidade da revelação: a Bíblia é uma coleção de 73 livros e até mesmo o seu centro é plural, é quadriforme, não uniforme... a pluralidade da revelação é uma carta muito importante a ser jogada no contexto atual da globalização.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Os dez bispos brasileiros, ainda vivos, que participaram do Concílio Vaticano II

Levantamento feito no início deste ano de 2012 pelo professor Fernando Altemeyer Junior, do departamento de Teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, oferece dados importantes para se contemplar a participação no Concílio.

A informação é do Boletim da CNBB, 22-04-2012.

São 179 bispos do mundo inteiro que estão vivos e participaram do Concílio, entre eles 10 são brasileiros, sendo que um deles deixou o ministério episcopal. São 9 bispos, portanto, que estiveram ao menos em uma das quatro sessões conciliares:

1. Dom Armando Círio, OSI, arcebispo emérito de Cascavel-PR, nascido em 30/4/1916, atualmente com 95 anos de idade, participou da 1ª. e da 3ª. sessões do Vaticano II.

2. Dom Jaime Luiz Coelho, arcebispo emérito de Maringá-PR, nascido em 26/7/1916, atualmente com 95 anos de idade, participou de todas as quatro sessões 1ª, 2ª, 3ª e 4ª do Vaticano II.

3. Dom Servílio Conti, imc, prelado emérito de Roraima-RR, nascido em 19/10/1916, atualmente com 95 anos de idade, participou da 4ª. sessão do Vaticano II.

4. Dom José Maria Pires, arcebispo emérito da Paraíba-PB, nascido em 15/03/1919, atualmente com 92 anos de idade, participou da 1ª., 2ª., 3ª, e da 4ª. sessões do Vaticano II.

5. Dom Eugenio de Araújo Sales, cardeal arcebispo emérito do Rio de Janeiro-RJ, nascido em 08/11/1920, atualmente com 91 de idade, participou da 1ª., 2ª., 3ª, e da 4ª. sessões do Vaticano II.

6. Dom Waldyr Calheiros Novaes, bispo emérito de Barra do Piraí-Volta Redonda-RJ, nascido em 29/7/1923, atualmente com 88 de idade, participou da 3ª. e da 4ª. sessões do Vaticano II.

7. Dom Serafim Fernandes de Araújo, cardeal arcebispo emérito de Belo Horizonte-MG, nascido em 13/08/1924, atualmente com 87 anos de idade, participou da 1ª., 2ª., e da 4ª. sessões do Vaticano II.

8. Dom José Mauro Ramalho Alarcón Santiago, bispo emérito de Iguatu-CE, nascido em 14/05/1925, atualmente com 86 anos de idade, participou da 1ª., 2ª., 3ª. e da 4ª. sessões do Vaticano II.

9. Dom Antonio Ribeiro de Oliveira, arcebispo emérito de Goiânia-GO, nascido em 10/06/1926, atualmente com 85 anos de idade, participou da 4ª. sessão do Vaticano II.

Segundo a pesquisa do professor Altemeyer, atualmente, ou seja, na primeira metade do mês de janeiro de 2012, há 5207 bispos católicos vivos e atuantes em todo o planeta e dentre eles estão aqueles que participaram do Concílio Vaticano II, ocorrido entre 1962 a 1965 em Roma, na Itália.

A primeira sessão se deu entre 11/10/1962 até 8/12/1962: presença de 2448 padres conciliares. Estão vivos 46 bispos presentes nesta sessão, espalhados pelo mundo inteiro.

A segunda sessão foi celebrada de 29/09/1963 até 04/12/1963 com a presença de 2488 padres e destes estão vivos 55 padres.

A terceira sessão transcorreu de 14/9/1964 até 21/11/1964 com a presença de 2468 padres e destes estão vivos 67 padres conciliares.

A quarta sessão ocorreu de 14/09/1965 até 08/12/1965, com a presença de 2625 padres, e destes estão vivos 78 bispos e abades que participaram da última sessão conciliar.