terça-feira, 29 de junho de 2010

O sistema colonial português na América - Parte 1


O sistema colonial português na América

O sistema colonial é o conjunto de relações entre as metrópoles e suas respectivas colônias em uma determinada época histórica. O sistema colonial que nos interessa abrangeu o período entre o século XVI e o século XVII, ou seja, faz parte do Antigo Regime da época moderna e é conhecido como antigo sistema colonial.

Segundo o seu modelo teórico típico, a colônia deveria ser um local de consumo (mercado) para os produtos metropolitanos, de fornecimento de artigos para a metrópole e de ocupação para os trabalhadores da metrópole. Em outras palavras, dentro da lógica do “Sistema Colonial Mercantilista” tradicional, a colônia existia para desenvolver a metrópole, principalmente através do acúmulo de riquezas, seja através do extrativismo ou de práticas agrícolas mais ou menos sofisticadas. Uma Colônia de Exploração, como foi o caso do Brasil para Portugal, tem basicamente três características, conhecidas pelo termo técnico de “plantation”:

Latifúndio: as terras são distribuídas em grandes propriedades rurais

Monocultura voltada ao mercado exterior: há um “produto-rei” em torno do qual toda a produção da colônia se concentra (no caso brasileiro, ora é o açúcar, ora a borracha, ora o café...) para a exportação e enriquecimento da metrópole, em detrimento da produção para o consumo ou o mercado interno.

Mão-de-obra escrava: o negro africano era trazido sobre o mar entre cadeias e, além de ser mercadoria cara, era uma mercadoria que gerava riqueza com o seu trabalho...

O sentido da colonização – A atividade colonizadora européia aparece como desdobramento da expansão puramente comercial. Passou-se da circulação (comércio) para a ­produção, No caso português, esse movimento realizou-se através da agricultura tropical. Os dois tipos de atividade, circulação e produção, coexistiram. Isso significa que a economia colonial ficou atrelada ao comércio europeu. Segundo Caio Prado Jr., o sentido da colonização era explícito: "fornecer produtos tropicais e minerais para o mercado externo".

Assim, o antigo sistema colonial apareceu como elemento da expansão mercantil da Europa, regulado pelos Interesses da burguesia comercial. A conseqüência lógica, segundo Fernando A. Novais, foi a colônia transformar-se em instrumento de poder da metrópole, o fio condutor, a prática mercantilista, visara essencialmente o poder do próprio Estado.

As razões da colonização – A centralização do poder foi condição para os países saírem em busca de novos mercados, organizando-se, assim, as bases do absolutismo e do capitalismo comercial. Com isso, surgiram rivalidades entre os países. Portugal e Espanha ficaram ameaçados pelo crescimento de outras potências. Acordos anteriores, como o Tratado de Tordesilhas (1494) entre Portugal e a Espanha, começaram a ser questionados pelos países em expansão.

A descoberta de ouro e prata no México e no Peru funcionou como estímulo ao início da colonização portuguesa. Outro fator que obrigou Portugal a investir na América foi a crise do comércio indiano. A frágil burguesia lusitana dependia cada vez mais da distribuição dos produtos orientais feita pelos comerciantes flamengos (Flandres), que impunham os preços e acumulavam os lucros.

Capitanias hereditárias – Em 1532, quando se encontrava em São Vicente, Martim Afonso recebeu uma carta do rei anunciando o povoamento do Brasil através da criação das capitanias hereditárias. Esse sistema já havia sido utilizado com êxito nas possessões portuguesas das ilhas do Atlântico (Madeira, Cabo Verde, São Tomé e Açores).

O Brasil foi dividido em 14 capitanias hereditárias, 15 lotes (São Vicente estava dividida em 2 lotes) e 12 donatários (Pero Lopes de Sousa era donatário de 3 capitanias: Itamaracá, Santo Amaro e Santana). Porém, a primeira doação ocorreu apenas em 1534.

Entre os donatários não figurava nenhum nome da alta nobreza ou do grande comércio de Portugal, o que mostrava que a empresa não tinha suficiente atrativo econômico. Somente a pequena nobreza, cuja fortuna se devia ao Oriente, aqui aportou, arriscando seus recursos. Traziam nas mãos dois documentos reais: a carta de doação e os forais. No primeiro o rei declarava a doação e tudo o que ela implicava. O segundo era uma espécie de código tributário que estabelecia os impostos.

Nesses dois documentos o rei praticamente abria mão de sua soberania e conferia aos donatários poderes amplíssimos. E tinha de ser assim, pois aos donatários cabia a responsabilidade de povoar e desenvolver a terra à própria custa. O regime de capitanias hereditárias desse modo, transferia para a iniciativa privada a tarefa de colonizar o Brasil. Entretanto, devido ao tamanho da obrigação e à falta de recursos, a maioria fracassou. Sem contar aqueles que preferiram não arriscar a sua fortuna e jamais chegaram a tomar posse de sua capitania. No final, das catorze capitanias, apenas Pernambuco teve êxito, além do sucesso temporário de São Vicente. Quanto às demais capitanias, malograram e alguns dos donatários não só perderam seus bens como também a própria vida.

Estava claro que o povoamento e colonização através da iniciativa particular era inviável. Não só devido à hostilidade dos índios, mas também pela distância em relação à metrópole, e sobretudo, pelo elevado investi­mento requerido.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Expansão marítima portuguesa

















Seguindo parte do conteúdo programático do Edital da PMERJ estarei sempre publicando matérias relacionadas ao edital, seguindo a bibliografia. Um grande abraço a Todos e bons estudos.


Expansão marítima portuguesa

O pioneirismo português no século 15

A descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral, em 22 de abril de 1500, foi o resultado de uma persistente e bem sucedida política de expansão marítima colocada em prática ao longo de muitos anos pela monarquia portuguesa.

A construção das grandes embarcações e a organização de expedições marítimas que passaram a explorar os oceanos nos séculos 14 e 15 dependeram do progresso da náutica, com o desenvolvimento de instrumentos e de técnicas de navegação. Isso tudo só pôde se concretizar à medida que eram destinados expressivas somas de riquezas, as quais somente o tesouro de um Estado organizado e forte poderia suportar.

Dinastia de Avis

O pioneirismo português nas grandes navegações marítimas - que culminaram nas descobertas de novas terras, na expansão do comércio e na propagação da fé cristã - se iniciou em 1385, data da subida ao trono de dom João 1º, conhecido como Mestre de Avis. O reinado de dom João inaugurou em Portugal a dinastia de Avis. Ele obteve o apoio da nobreza e dos comerciantes do reino, setores sociais que naquele período eram mais influentes política e economicamente.

Com isso, dom João 1º pôde promover uma acentuada e progressiva centralização do poder monárquico, o que fez Portugal surgir como um Estado independente e bem armado militarmente. O país alcançou a estabilidade política e a paz interna, fatores que propiciaram o florescimento e crescimento do comércio estimulando, desse modo, as riquezas do reino. Essas condições foram fundamentais para colocar em prática a política de expansão marítima destinando recursos para as grandes navegações.

Posição geográfica de Portugal: de cara para o Atlântico

Em sua origem, a expansão marítima portuguesa esteve associada aos interesses mercantis da burguesia do reino, ávida na busca de lucros por meio do comércio marítimo com outras regiões, sobretudo com o Oriente.

Essa era uma forma de superar as limitações do mercado europeu, que estava em crise pela carência de mão-de-obra, pela falta de produtos agrícolas e a escassez de metais preciosos para cunhagem de moeda. Interessava a essa burguesia apoiar o poder real no empreendimento da expansão marítima, por meio das navegações oceânicas e dela extrair seus benefícios.

Portugal também gozava de uma localização geográfica privilegiada na península ibérica. Grande parte do seu território está voltada para o oceano Atlântico. Essa posição geográfica, juntamente com as condições sociais e políticas favoráveis, permitiram ao país se projetar como potência marítima. Coube ao infante D. Henrique - filho de D. João 1o - as iniciativas para fazer Portugal inaugurar as grandes navegações oceânicas.

Escola de Sagres

D. Henrique era um amante das ciências e, sob sua iniciativa, foi fundada a Escola de Sagres, que reuniu diversos especialistas como cartógrafos, astrônomos e marinheiros que possuíam conhecimento do que de mais avançado se sabia na época sobre a arte de navegar.

Foi na Escola de Sagres que foram realizados, em 1418, os primeiros estudos e projetos de viagens oceânicas. Foi nela que foram aprimoradas embarcações como a caravela e aperfeiçoados os instrumentos náuticos necessários a longas viagens, como a bússola e o astrolábio, que haviam sido inventados no Oriente.

Portugal passou a obter sucessivos êxitos no empreendimento ultramarino. O marco inicial foi a conquista de Ceuta, em 1415, localizada na costa do Marrocos. Em seguida, empreendeu esforços para chegar às Índias pelo mar, contornando a África.

Primeiro os portugueses conquistaram as ilhas atlânticas dos arquipélagos dos Açores, Madeira e Cabo Verde (1425-1427) para em seguida explorar a costa africana.

Em 1488, a esquadra comandada por Bartolomeu Dias conseguiu transpor o Cabo da Boa Esperança, localizado no extremo sul da África. Dez anos depois, a esquadra comandada por Vasco da Gama conseguiu ir adiante e navegar pelo oceano Índico, aportando em Calicute, extremo sul da Índia, em 20 de maio. Ambos os navegadores estavam a serviço de Portugal.


domingo, 20 de junho de 2010

Adeus Saramago





















Foto da Fundação José Saramago

O escritor e Prêmio Nobel da Literatura em 1998 José Saramago morreu hoje aos 87 anos em Lanzarote.

A Fundação José Saramago confirmou em comunicado que o escritor morreu às 12h30 na sua residência de Lanzarote “em consequência de uma múltipla falha orgânica, após uma prolongada doença. O escritor morreu tendo ao lado sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila”. “Homem de invulgar cultura e sensibilidade, escritor ímpar admirado em todo o mundo, deixa tristes os seus inúmeros leitores e mais pobre a Literatura Portuguesa a quem, com o seu trabalho e arte, deu o Primeiro Prémio Nobel”, diz a fundação em comunicadodivulgado pouco antes das 16h.

“Filho e neto de camponeses, José Saramago nasceu na aldeia de Azinhaga, província do Ribatejo, no dia 16 de Novembro de 1922, se bem que o registo oficial mencione como data de nascimento o dia 18”, assim começa a sua biografia inscrita no site da Fundação que tem o seu nome. Os pais do futuro Prêmio Nobel emigraram para Lisboa antes que ele fizesse dois anos.

Iniciou os estudos secundários, mas por dificuldades económicas, não pôde prosseguir. Publicou o seu primeiro livro, um romance, “Terra do Pecado”, em 1947. Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu funções de direcção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na revista Seara Nova. Em 1972 e 1973 fez parte da redacção do jornal Diário de Lisboa, onde foi comentarista político, tendo também coordenado, por aproximadamente um ano, o suplemento cultural daquele jornal.

Entre Abril e Novembro de 1975 foi diretor-adjunto do jornal Diário de Notícias. A partir de 1976 passou a viver exclusivamente do seu trabalho literário, primeiro como tradutor, depois como autor. Em Fevereiro de 1993 decidiu dividir seu tempo entre a sua residência habitual em Lisboa e a ilha de Lanzarote, no arquipélago das Canárias (Espanha).

Três décadas depois de publicado Terra do Pecado, Saramago regressou ao mundo da prosa ficcional com “Manual de Pintura e Caligrafia”. Publicaria depois “Levantado do Chão” (1980), no qual retrata a vida de privações da população pobre do Alentejo.

Dois anos depois surgiu “Memorial do Convento”, livro que conquistou definitivamente a atenção de leitores e críticos.

De 1980 a 1991, o autor publicou mais quatro romances “O Ano da Morte de Ricardo Reis” (1984), “A Jangada de Pedra” (1986), “História do Cerco de Lisboa” (1989), e “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” (1991).

Nos anos seguintes, publicou mais seis romances: “Ensaio Sobre a Cegueira” (1995); “Todos os Nomes” (1997); “A Caverna” (2001); “O Homem Duplicado” (2002); “Ensaio Sobre a Lucidez” (2004); e “As Intermitências da Morte” (2005).

Os últimos romances publicados foram “A Viagem do Elefante”, 2008, “Caim”, 2009

Foi premiado com o Nobel de Literatura de 1998. Também ganhou o Prêmio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Era casado com Pilar del Río.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Concurso da PM

Galera, estarei me dedicando um pouco mais a ajudar os meus alunos do curso preparatório do Concurso da PM, sendo assim estarei primeiramente, postando o conteúdo programático de História. Depois seguido das matérias que estou dando no curso.

Um grande abraço.

HISTÓRIA

Conteúdo Programático


1. A expansão Ultramarina Portuguesa dos séculos XV e XVI.


2. O sistema colonial português na América - Estrutura político-administrativa, estrutura sócio-econômica, a escravidão (as formas de dominação econômico-sociais); as formas de atuação do Estado Português na Colônia; a ação da Igreja, as invasões estrangeiras, expansão territorial, interiorização e formação das fronteiras, as reformas pombalinas, rebeliões coloniais. Movimentos e tentativas emancipacionistas.


3. O período joanino e o processo de independência - A presença britânica no Brasil, a transferência da Corte, os tratados, as principais medidas de D. João VI no Brasil, política joanina, os partidos políticos, revoltas, conspirações e revoluções, emancipação e conflitos sociais, o processo de independência do Brasil.


4. Brasil Imperial - O Primeiro Reinado, o Período Regencial e o Segundo Reinado: aspectos, políticos, administrativos, militares, culturais, econômicos, sociais, territoriais, a política externa, a questão abolicionista, o processo de modernização, a crise da monarquia e a proclamação da república.



Bibliografia



COTRIM, Gilberto. História Global: Brasil e Geral - Volume Único. 8ª edição. São Paulo: Saraiva, 2005.


KOSHIBA, Luiz, PEREIRA, Denise Manzi Frayze. História do Brasil: no contexto da história ocidental. Ensino Médio. 8ª edição, revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Atual, 2003.


ALENCAR, Chico, CARPI, Lucia, RIBEIRO, Marcos V. História da Sociedade Brasileira. Volume Único. 13ª Edição, atualizada. Ao Livro Técnico.


sexta-feira, 11 de junho de 2010

Guapimirim

Até 25 de novembro de 1990 (data de sua emancipação político-administrativa), a história de Guapimirim também é a de Magé, do qual fazia parte como seu 3º Distrito. Geograficamente podemos afirmar que Guapimirim é o ponto extremo dos municípios da Baixada.

Os habitantes das terras de Guapimirim até o Séc XVII foram os índios Timbira, que estavam espalhados por todas as terras de Magé. Piedade era o terreno mais procurado pelo encontro fácil das ervas medicinais, o óleo e as raízes, pois, tinham eles conhecimento na cura dos males de seus entes enfermos.

A ocupação efetiva pelos portugueses na região começa com a doação de uma sesmaria a Simão da Mota, em setembro de 1565, com 600 braças ao longo da água e 1000 braças pela terra adentro no Rio Magé, de acordo com o livro de sesmarias registrado no Cartório do Tabelião Antonio Teixeira de Carvalho. No entanto poucos foram os que tomaram posse. Os franceses ao invadir o Rio de Janeiro em 1565 tornaram-se amigos dos indígenas e dificultava a ocupação dos portugueses sesmeiros.

Em 1566 Christovão de Barros aporta ao Rio de Janeiro com a armada para defender a cidade dos franceses e recebe uma carta de sesmaria em 12 de outubro de umas terras com 4500 braças ao longo da água e 7500 braças para o sertão de Magé, uma das mais extensas doações até então cedidas. Em 29 de outubro de 1567 obteve mais terras - 6000 braças de largo e 9000 de cumprido, no sertão do Rio Macacu, chegando aos limites de Miguel de Mourão.

Christovão de Barros foi o 3º Capitão do Rio de Janeiro e seu 4º Governador - lutou contra os franceses. Fundador de Sergipe, Provedor da Fazenda na Bahia, construtor de um engenho de açúcar em Magé, às margens do Rio Magé e está ligado à história daquele Município.

Com a chegada dos portugueses na região, subiram a serra, descobrindo assim o Rio Guapi-Mirim. Fundaram a freguesia de N. Sra. D'Ajuda de Aguapei-Mirim em 1674. Durante o período colonial, as terras de Guapimirim não tiveram grande importância econômica e social. Como pertencia a Magé, as atenções voltaram-se no séc. XVIII para o porto da Estrela no rio Inhomirim, o porto de Piedade no rio Magé e o porto de Suruí no rio Suruí. No entanto conheceu naquele século a construção da Fazenda Segredo voltada para as montanhas, dominando toda uma planície aos seus pés, construiu-se ainda a Capela de Santa Ana, filial da Freguesia da Ajuda, que está à margem da estrada de ferro e da Capela de N. Sra. Da Conceição, inaugurada em 1713.

No séc. XIX com a chegada da família real e a abertura dos portos, recebemos um grande número de estrangeiros, chamados de viajantes, que visitaram a Baixada e descreveram as características naturais e culturais de sua gente. Assim a descoberta dessas regiões ao pé da Serra dos Órgãos e a necessidade de transpô-las para atingir o interior do Brasil, acabou atraindo uma população que passou a viver de uma agricultura de sobrevivência com excedente exportável para a capital Rio de Janeiro e pequeno comércio local.

Segundo o Inventário dos Bens Culturais de Magé elaborado pela SECDREM/FUNDREM em 1984: "O acesso para Teresópolis se fez primeiramente por estrada de ferro que, partindo do Porto de Piedade , no fundo da Baia da Guanabara, chegava ao Centro de Magé e Guapimirim, subindo a serra até Teresópolis. Posteriormente, a ligação da Piedade Velha com a serra foi interrompida e seus trilhos arrancados, só restando o trecho de Magé a Guapimirim, ligando ao sistema RFFSA. Guapimirim se desenvolveu enquanto arruamento característico das imediações das estações ferroviárias. As construções, apesar de modificações posteriores, têm elementos decorativos geometrizados nas fachadas denotando um gosto comum na década de 30 e a estação ferroviária, de 1926, continua em funcionamento ligando Magé e Gramacho. Já nas décadas de 40 e 50 as áreas próximas ao arruamento fronteiriço à estação começaram a ser loteadas e ocupadas com pequenas residências achalezadas. A capela é uma construção desse período modificada posteriormente".

A cidade está localizada num vale pela base do Dedo de Deus e fica a 86 km da capital do Estado. Possui uma população em torno de 40.000 habitantes. Distribuídas em 13 bairros. Nas suas terras encontramos encantadoras belezas naturais, um recanto merecedor de nossas atenções. Encontra-se aí o bloco rochoso, em forma de pico, característicos pontos turísticos com os nomes de "Dedo de Deus, Pedra do Sino e Verruga do Frade". Nas suas terras vamos encontrar a subsede do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, onde encontra o Museu Von Martius.

Também nesse município funciona o Centro de Primatologia da FEEMA, que desenvolve o "Projeto Mico Leão", tendo como objetivo e finalidade reproduzir espécies brasileiras de primatas ameaçados de extinção, ou raras, com o propósito de propagar essas espécies e repovoamento de áreas efetivamente preservadas, além de promover estudo de restauração da biota local, que é uma característica da vida animal e vegetal da região.

Sua população tem rendas advindas das indústrias, sendo a Librapel e Klabin as principais, do comércio, do turismo, da agricultura, da pecuária, da avicultura, da minhocultura, piscicultura, ranários etc. Ocupa hoje uma área de 345 km2. Faz divisa ao norte com os Municípios de Teresópolis e Petrópolis, ao sul com o Município de Itaboraí e fundos da Baia da Guanabara, ao leste com o Município de Cachoeiras de Macacú e a Oeste com o Município de Magé. É cortado pela BR 116 e BR 493.

Guapimirim é um dos belos recantos naturais da Baixada.


Prof. Genesis Torres


terça-feira, 8 de junho de 2010

História de Nova Iguaçu















ANTECEDENTES GEO-HISTÓRICOS

1502 (1º de janeiro)
- uma expedição, fazendo o reconhecimento do litoral da Terra de Vera Cruz, e cruzando a barra da Baía Guanabara, julgou ser a foz de um caudaloso rio, que foi denominado de Rio de Janeiro.

Observação: Guanabara quer dizer - mar em forma de seio - na linguagem Tupi. Os índios que habitavam, à época eram os tupimambá, apelidados de tamoios.
Rio, em Latim, é flumem e, daí, a origem da palavra - fluminense.

1531 (30 de abril)
- uma expedição, comandada por Martim Afonso de Souza, faz o reconhecimento da Terra de Santa Cruz (litoral), permanecendo 3 meses no interior da Guanabara ou (Baía do) Rio de Janeiro.

1555 (10 de novembro)
- franceses protestantes, liderados por Nicolau Durand de Villegagnon, invade a Baía Guanabara (Rio de Janeiro), objetivando fundar a França Antártica.
"É minha intenção criar aqui um refúgio para os fiéis perseguidos em França, na Espanha ou em qualquer outro país de além-mar, a fim de que sem temer o rei nem o imperador nem quaisquer potentados, possam servir a Deus com pureza conforme a sua vontade". (palavras de Villegagnon, reproduzidas pelo escritor Jean de Léry).

Observação: Os franceses fizeram amizade com os tupinambás. Esta "união" passou à história com a denominação de Aliança Franco-Tamoia. Fato que fez com que os jesuítas fizessem intransigente oposição aos índios e reunissem reforços para a expulsão dos franceses.

1557 (7 de março)
- Desembarcam no Rio de Janeiro, além de 300 colonos os escritores Thevet e Jean de Léry e dois ministros calvinistas. Léry publicaria o livro Viagem à Terra do Brasil.
Nesta obra, Léry declara ter navegado pelos rios cujas águas desembocam na Baía Guanabara ou Rio de Janeiro:
"existem na terra firme, que rodeia este braço de mar, dois rios formosos de água doce, afluentes daquele e nos quais naveguei com outros franceses cerca de vinte léguas pelo interior das terras e estive em muitas aldeias dos selvagens que habitam em suas margens".

1560 ou 1561
O jesuíta José de Anchieta (Informação do Brasil/ Cartas jesuíticas, 1584) informa:
"7 ou 8 frades brancos franceses que mandados por Villegaignon, em 1560 ou 1561, fizeram entre os Tamoios o seu estabelecimento, e ensinaram alguns meninos do gentio, os quais traziam vestidos com o seu hábito".

Observação: Dom Clemente Maria da Silva Nigra, O.S.G., em seu trabalho publicado na Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, nº 7, Rio de Janeiro, 1943, informa: "parece que a região do rio Iguaçu, no interior da Guanabara, constitui a primeira terra beneditina nas vastas plagas brasileiras do século XVI" e "Até hoje ninguém levantou dúvidas a respeito do lugar deste estabelecimento religioso".

A citada pesquisa feita por Dom Clemente tem o seguinte título: A Antiga Fazenda de São Bento em Iguaçu.

Nota do pesquisador: fazendo a vinculação das informações (de 1557/1560 ou 1561) afirmo que rio ingoagoasu /guaguasu / hyguasu / Iguaçu foi navegado por Jean de Léry "com outros franceses", entrando em contato com "muitas aldeias" do povo tupinambá, apelidado de tamoio.

1564
"Os monges franceses de Villegaignon foram obrigados a abandonar o Brasil em época anterior a 1564" (Dom Clemente, obra citada).

1565 (5 de setembro)
Cristóvão Monteiro, primeiro ouvidor do Rio de Janeiro, recebe "grande parte daquelas terras de Iguaçu". (Dom Clemente, obra citada ): "uma légua de comprido pelo rio acima, e meia légua de largo de cada parte".

1596 (7 de dezembro)
Marquesa Ferreira, viúva de Cristóvão Monteiro, "oferece meia légua de terreno ao mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro". (Dom Clemente, obra citada): "meia légua de terra, que começa onde quebra o salgado".
Observação: de 1591, possivelmente até 1669, o Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro possuiria, aos poucos, as terras que formariam a Fazenda de São Bento "em Iguaçu".

1611
Frei Ruperto de Jesus prepara uma área para instalar o engenho de açúcar da dita Fazenda (de S. Bento), obra iniciada por Frei Bernardino de Oliveira, com produção aumentada na administração do Frei Diogo da Silva. O primeiro engenho de Iguaçu funcionaria até 1646. Os canaviais não eram produtivos ("pouco rendimento que ele dava pela qualidade do terreno alagadiço"). Outro engenho foi levantado no lugar denominado Vargem Pequena.

1645
Frei Mauro das Chagas - abade que administrou a propriedade de 1645 a 1648 - teria iniciado a edificação da igreja da fazenda, inicialmente sob a devoção de Nossa Senhora de Iguaçu.
Informa Dom Clemente (obra citada):
- "As datas combinariam com o feitio da bela imagem de Nossa Senhora do Iguaçu cujo título (. . .) parece ter sido de Nossa Senhora da Purificação = da Candelaria = das Candeias, conforme um toquinho de vela que o menino Jesus segura na mão esquerda".
- Escultura em imbuia, tendo 1,45 centímetros de altura.
- A imagem foi levada para o Mosteiro de São Bento em 1920.
- Em 1943, informava Dom Clemente: "e desde o dia 8 de dezembro" (1941) "a venerável imagem de Nossa Senhora do Iguaçu ocupa um lugar de honra no primeiro andar do secular mosteiro de S. Bento do Rio de Janeiro".
- Foi padroeira da Fazenda de S. Bento do Iguaçu até 1695.

1698
Neste ano deveria ser iniciada a abertura de um caminho (do ouro) para substituir o que terminava em Parati (RJ). Os trabalhos foram empreendidos por Garcia Paes e por seu cunhado Domingos Fonseca Leme. Foi inicialmente, denominado de Caminho Novo das Minas (Caminho do Porto do Pilar, da Pedra ou Sítio do Couto, do Marabaí, do Pilar do Iguassú etc.).
Depois da abertura da Variante do Proença (Porto da Estrela), foi apelidado de "Caminho Velho".

Observação: Para se alcançar este "Caminho do ouro" os barcos saiam do Cáis dos Mineiros, ao pé do Morro de São Bento, Rio de Janeiro e, navegando até ao rio Iguaçu, chegavam ao rio Pilar (afluente do Iguaçu). E, vice-versa.

1699
Início da devoção a N. Senhora da Piedade do (rio) Iguassú, origem da futura Freguesia de Nossa Senhora da Piedade do Iguassú, cuja Matriz seria estabelecida à margem direita do rio Iguassú. Naquele ponto cresceria a Povoação de Iguassú.

Nota: A Capela dedicada a N. Senhora da Piedade do Iguaçu foi levantada na propriedade do alferes José Dias de Araújo e, até hoje, não foi identificado o sítio no qual a dita Capela - certamente de taipa-de-pilão - foi erguida.

1711 (12 de setembro)
O Francês Duguay-Trouin - para vingar a prisão e o assassinato de Duclerc, que havia investido contra o Rio de Janeiro no ano anterior - entra na Baía Guanabara. No dia seguinte desembarca na Praia do Valongo. A 19, bombardeia a cidade. O governador Francisco de Castro Morais foge, indo se refugiar na Fazenda de São Bento do Iguassú. No dia 11 ou 13 de outubro, com um reforço de 6 mil homens, desce, pelo Caminho do Pilar do Iguassú, o Governador de Minas, Antônio de Albuquerque, aquartelando sua tropa na Fazenda de São Bento do Iguassú. No dia 4 de novembro, tendo recebido a última parcela do resgate e depois de ter saqueado a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, deteve parte, levando 600 mil cruzados, 100 caixas de açúcar e 200 bois, sendo o açúcar e o gado, a contribuição dos iguassuanos, além de quantia não citada de cruzados.

1742
O Padre Antônio da Mota Leite ergue, à margem esquerda do rio Iguassú, em local ainda não identificado, uma capela dedicada a Santo Antônio.

1763
A Capital do Brasil é transferida para o Rio de Janeiro e, em terrenos doados pelo Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, é fundado o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (ao tempo do Vice-rei Dom Alvarez da Cunha, o Conde da Cunha).

1767
Com madeira retirada das matas próximas ao rio Iguassú, situadas na Fazenda de S. Bento do Iguaçu, é entregue à navegação a Nau São Sebastião ("Nau Serpente", por causa de uma cabeça de dragão ornando a proa). Foi o primeiro navio de guerra construído no dito Arsenal (Artigo assinado por Marcelino Medeiros Julião, publicado no AMR Jornal, nº 51, 1986).

1833 (15 de janeiro)
A Povoação de Iguassú é elevada à categoria de Vila, para ser a "capital" (sede da Câmara de Vereadores, instalada a 29 de julho). O Município de Iguassú era integrado por seis Freguesias ("distritos"), desanexadas da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro): N. Senhora da Piedade do (rio) Inhomirim, São João Batista do (rio) Meriti, Santo Antônio da (aldeia de) Jacutinga, N. S. da Conceição de Marapicu, N.S. do (rio) Pilar (do Iguassú) e N. S. da Piedade do Iguassú (sede da Vila de Iguassú). Com a extinção da Vila e, depois, com sua restauração, a Freguesia de Inhomirim não voltaria a fazer parte do Município de Iguassú.

1837
O Coronel de Engenheiros Conrado Jacob de Niemeyer providencia uma planta topográfica da Vila de Iguassú.

1844 (10 de abril)
A Lei Provincial de nº 314 destina recursos para a abertura de um canal, ligando o rio Utum ao rio Iguassú, para aumentar o volume d'água e melhorar a navegação. As obras ficariam sob a responsabilidade do coronel de Engenheiros Conrado Jacob de Niemeyer. Esta ligação pode ser observada nos dois leitos originais (confluência, na extinta Vila de Iguassú). Quando das obras de "saneamento" (dessecamento dos brejais), repetiu-se a junção, que pode ser observada com a abertura dos canais, para as duas águas (Utum e Iguassú).

1844
O mesmo Coronel Conrado providencia o levantamento da Planta Hydro-Topographica da Estrada do Comércio (entre os rios Iguassú e Parahyba). Os trechos calçados na Vila de Iguassú - a Estrada do Comércio começava no Largo dos Ferreiros, no perímetro urbano da dita Vila - e na Serra do Tinguá (trechos "empedrados") ficaram sob a responsabilidade do dito Coronel Conrado Jacob de Niemeyer.
A Estrada Real do Comércio, idealizada a partir de 1811, pela Real Junta do Comércio, pode ser considerada, como afirmaria o pesquisador Brasil Gerson, em seu livro O Ouro, o café e o Rio, "a primeira estrada brasileira aberta para o café."
A produção cafeeira, do Maciço do Tinguá e vizinhanças, do Vale do rio Santana e vizinhanças e do Vale do rio Paraíba do Sul e vizinhanças, áreas de influência do Caminho do Comércio, descia pelo citado caminho, até ser embarcado nos vários portos do rio Iguassú e, destes, para o Porto do Rio de Janeiro. A decadência atingiu estes lugares após a abertura e inauguração da Estrada de Ferro de Dom Pedro Segundo, a 29 de março de 1858. A E.F. de D. Pedro II seria a "Central do Brasil" na República.

1846
O Coronel Conrado providencia uma planta topográfica do rio Iguassú, indicando os principais acidentes geográficos e portos.

1858 (29 de março)
É entregue ao tráfego o primeiro trecho da Estrada de Ferro de Dom Pedro Segundo (a Central do Brasil, na República), ligando o Rio de Janeiro a Queimados (Pouso dos Queimados) e, no mesmo ano alcançaria Belém (Nossa Senhora de Belém e Menino Deus), atual Japeri. O transporte do café, passando a ser providenciado pela dita ferrovia, levaria à decadência o movimento que era produzido na Estrada do Comércio-portos do rio Iguassú. Inicia-se, então, igualmente, a decadência (esvasiamento) da Vila de Iguassú, sede do Município de Iguassú.

1860 (27 de janeiro)
O Presidente da Província do Rio de janeiro, Ignacio Francisco Silveira da Motta, é informado das providências tomadas pela Secretaria da Polícia, para dar extinção ao quilombo, formado por, aproximadamente, 100 quilombolas, num "tremendal", "cercado de um valado guarnecido de estrepes venenosos", "todo pantanozo". Local: terras de São Bento.

1891 (junho)
A sede do Munícipio de Iguassú é transferida das margens do rio Iguassú, para as margens da Estrada de Ferro Central do Brasil (Estrada de Ferro de Dom Pedro Segundo, na Monarquia, segundo Reinado). Em 1862 a sede (Matriz) da Freguesia de Santo Antonio (da aldeia dos índios) de Jacutinga já havia sido transferida para perto da dita ferrovia, para o arraial denominado Maxambomba.
A primeira sede (Vila de Iguassú) ficava na Freguesia de Nossa senhora da Piedade do Iguassú.

1916
Por iniciativa do político Manoel Reis o nome da Segunda sede do Município de Iguassú, Maxambomba, é mudado para - Nova Iguassú. Segundo informações de Sebastião de Arruda Negreiros, que foi Interventor no Município, em 1930, a extinta Vila era, popularmente denominada de Iguassú Velho ou Velha. Predominou, ficando oficialmente, o Iguaçu Velho.

1921 - 1922
Dom Clemente Maria da Silva Nigra, O.S.G., informa (trabalho citado): "A grande fazenda de Iguaçu, a mais antiga da Ordem de São Bento do Brasil, foi desapropriada pelo Governo Federal em 1921 (Decreto nº 15036, de 4 de outubro). A escritura da transferência definitiva da propriedade, à Empresa Melhoramentos, tornando efetiva a desapropriação, é de 9 de novembro de 1922.

1934
O Ministério da Viação e Obras Públicas faz publicar o Relatório apresentado pelo Engenheiro Chefe da Comissão de Saneamento da Baixada Fluminense, Hildebrando de Araújo Góes. As principais obras tiveram início em 1910. A Comissão, nomeada a 28 de dezembro de 1909 deveria terminar a empreitada a 1º de julho de 1916. (Comissão Federal de Saneamento e Desobstrução dos Rios que desaguam na Baía de Guanabara).
Este Relatório registra as principais obras executadas deste o século XIX, cujas datas deixamos de anotar nesta síntese, em face da quatidade delas.

NEY ALBERTO DE BARROS
Professor, historiador e pesquisador. Membro do IPAHB.

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Olá Blogueiros,

Sou Guilherme Monteiro, professor de História, formado pela Universidade Iguaçu. Leciono em curso preparatório para concursos. Sou especialista em história local e regional.

Amo história da América, sou componente de grupo de estudos que enfoca uma historiografia socialeconomica. Tentando analisar mais especificamente a Teologia da Libertação.

Começo aqui uma nova etapa de minha vida acadêmica, com este blog espero poder contribuir com a educação em todos os níveis, sendo assim examinar e apresentar o conteúdo de obras, acompanhado ou não de avaliação crítica.

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Guilherme Monteiro