quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Vinte e três anos sem Chico Mendes

Seringueiro assassinado no dia 22 de dezembro de 1988 hoje é símbolo da luta contra a devastação da Amazônia

Já havia anoitecido quando, no dia 22 de dezembro de 1988, há exatos 23 anos, o seringueiro nascido nas matas de Xapuri e que havia viajado mundo afora para denunciar a devastação da floresta amazônica foi assassinado com tiros de escopeta no peito. Chico Mendes, na época com 44 anos, estava na porta dos fundos de sua pequena casa, se preparando para o banho de rotina, quando foi abordado pelo seu assassino.

“Nunca um tiro dado no Brasil ecoou tão longe”, escreveu o jornalista Zuenir Ventura no seu prêmio Esso de jornalismo, “Chico Mendes: Crime e Castigo”. O escritor mineiro tinha razão. Após sua morte, Mendes se tornou símbolo da luta contra o desmatamento da Amazônia e ganhou, principalmente no Acre, o status de mito.

Prova disso é a criação, no decorrer das duas décadas posteriores à sua morte, de premiações, eventos e instituições que levam o seu nome, como, por exemplo, o Comitê Chico Mendes, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Semana Chico Mendes, o Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente, entre outros. Além disso, filmes, séries e documentários contaram a vida e o legado do seringueiro.

geral_221211_1.jpg
CHICO Mendes ganhou no Acre o status de
mito no decorrer das duas últimas décadas

A luta de Chico Mendes ganhou repercussão internacional após a denúncia, em 1987, de que projetos financiados por bancos internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), colaboravam para a devastação da floresta. O ambientalista foi aos Estados Unidos, ocasião em que recebeu o prêmio Global 500, oferecido pela ONU.

Antes disso, o setingueiro havia contribuído para a criação do Partido dos Trabalhadores (PT) no Acre, em 1986; para o Encontro Nacional dos Seringueiros e o Conselho Nacional dos Seringueiros, ambos em 1985; Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Xapuri, em 1977; entre outros movimentos que culminaram na criação das Reservas Extrativistas (Resex), áreas pertencentes à União demarcadas para o uso dos recursos naturais de forma sustentável, hoje presentes em todas as regiões do Brasil.

Para se tornar um símbolo do ambientalismo mundial, Mendes “não fez mais do que ser ele mesmo: um homem da floresta satisfeito com o seu mundo; um sábio que enxergava o passado, o presente e o futuro a partir de sua colocação de seringa”, escreveu, na revista Chico Mendes: o Homem da Floresta, o jornalista acreano Elson Martins, que cobria, na década de 70 e 80, os empates e outros movimentos liderados pelo Chico.

Semana Chico Mendes se encerra hoje

Iniciada no último dia 15, data em que, se estivesse vivo, o seringueiro completaria 67 anos, a Semana Chico Mendes, realizada em Xapuri, trouxe uma programação voltada ao “compromisso de fazer do Acre referência mundial de desenvolvimento sustentável”, de acordo com o material informativo do evento.

A programação se encerra hoje, às 17h, com a visita ao túmulo do ambientalista. Depois, haverá uma missa campal para homenagear o também sindicalista. Às 20h, a Semana Chico Mendes promove, no Estádio Municipal de Futebol de Xapuri, o Torneio Intermunicipal Chico Mendes.

A Semana Chico Mendes 2011 é uma realização do Comitê Chico Mendes e da prefeitura de Xapuri e conta com o apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre (Ifac), Sebrae, governo do Estado, Centro de Trabalhadores da Amazônia (CTA), Consórcio de Desenvolvimento Intermunicipal do Alto Acre e Capixaba (Condiac) e Memorial Chico Mendes.


Escrito por Leandro Chaves - leandrochaves@pagina20.com.br
22-Dez-2011


Nenhum comentário:

Postar um comentário