terça-feira, 29 de maio de 2012

1940 - A festa do proletariado



"O dia de hoje é celebrado por toda a Humanidade. O Dia do Trabalho é a data máxima da família proletária. No dia de hoje flamejam as glórias dos que vivem do trabalho e para o trabalho. O Brasil comemora o 1º de Maio com uma festa de autêntica confraternização nacional. As comemorações organizadas para hoje excedem a quantas já foram levadas a efeito nesta Capital". Jornal do Brasil

Diante de uma multidão proletária e de autoridades governamentais, em concentração pelos festejos do Dia do Trabalho no Estádio Vasco da Gama, o Presidente Getúlio Vargas atendeu à aspiração das diversas classes trabalhadoras e fixou em tabela os valores do salário-mínimo em todo o território nacional, calculado para suprir as necessidades básicas do trabalhador brasileiro. A iniciativa previa beneficiar de imediato um milhão de brasileiros.

As comemorações oficiais do Dia do Trabalho foram elemento essencial no plano político do Governo Vargas de promover a melhoria das condições de vida dos trabalhadores, e, em decorrência, garantir ao presidente prestígio junto às classes populares. Nessas solenidades programava-se uma série de atividades para atrair a participação expressiva dos trabalhadores e de seus familiares: Apresentações de orquestras e grupos corais, exibições de dança, projeções de filmes, ... O ritual aproximava o Presidente de seu público através do chamamento inicial: 'Trabalhadores do Brasil!'. Frente-a-frente, orador e ouvinte minimizavam rusgas para o anúncio das medidas do governo. Ao invés de lançar-se às ruas em manifestações historicamente tratadas como caso de polícia, o público era agradavelmente surpreendido pelos espetáculos que presenciava.

São Januário, estádio dos operários

Erguido em 1927 após superar uma série de empecilhos contrários à sua construção, resultantes do esforço da elite em coibir a popularização do esporte no país, o Estádio Vasco da Gama transformou-se num símbolo da luta das classes menos favorecidas no Brasil. Sua identificação com as camadas populares não se ateve às linhas do gramado, quando tornou-se o primeiro clube brasileiro a admitir jogadores negros em seu elenco. Durante a vigência do Estado Novo (1937-1945), o estádio abrigou sucessivas manifestações operárias, que traçaram os rumos para a ideologia trabalhista brasileira.

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